VILHENA - Projeto de incentivo ao plantio de BACUPARI começa a sair do papel

VILHENA - Projeto de incentivo ao plantio de BACUPARI começa a sair do papel


  

Cultivo da fruta no município deve alcançar escala comercial em pouco tempo; produtores terão apoio da prefeitura e poderão receber as mudas gratuitamente. Vice-prefeito Aparecido Donadoni fala sobre o assunto 

Reportagem: Maria R. Gabriela

Uma fruta apetitosa e cheia de propriedades medicinais passa a ganhar destaque em Vilhena. Trata-se do bacupari (Garcina gardeniana), uma delícia adocicada, adstringente e que até a casca pode ser consumida in natura. A fruta, que é cheia de benefícios e de sabor incomparável, tem grande potencial de ser explorada de forma comercial no município. Em alguns estados brasileiros, onde é já produzida, seu quilo atinge o preço médio de R$ 25 em feiras e supermercados. Na internet, o valor varia de R$ 40 a 60. Já no Cone Sul de Rondônia, ela não é encontrada para aquisição. Em todo o estado a sua safra é ínfima, começando em outubro e chegando ao fim em meados de janeiro.

A fruta durável e refrescante foi introduzida no município há 25 anos pelo atual vice-prefeito, Aparecido Donadoni. Ele, que também é engenheiro florestal e agrônomo, foi o precursor do cultivo da fruta no Cone Sul e, agora, ela está despertando uma atenção maior das autoridades locais que fazem estudos sobre a concessão de benefícios para incrementar seu plantio. Atualmente, são poucos os bacuparizeiros existentes em Vilhena. Porém, esta é uma situação que deve ser mudada em breve, segundo explica Aparecido Donadoni. Confira os detalhes do projeto de incentivo ao bacupari na entrevista especial que ele concedeu ao site Revista Século:

De que se trata esse projeto bacupari em escala comercial para Vilhena?

Aparecido Donadoni - Há aproximadamente vinte e cinco anos, eu possuía um viveiro de produção de mudas florestais e, tendo ganho algumas frutas de bacupari, plantei suas sementes. Após a formação das mudas, distribui entre algumas pessoas de Vilhena. As plantas cresceram satisfatoriamente e passaram a produzir frutos, o que perdura até aos dias atuais em algumas propriedades. A espécie se adaptou muito bem no município, o que nos leva hoje a tentarmos produzi-la em grande escala. Trata-se de uma fruta muito saborosa e muito apreciada pela grande maioria das pessoas.

Qual o potencial do município para esta cultura?

Aparecido Donadoni - Tendo sido solucionada a grande problemática de titularidade dos imóveis rurais do município de Vilhena, teremos aproximadamente umas três mil propriedades que estarão aptas a entrarem em programas produtivos, haja vista a possibilidade de fazerem financiamentos para implantação de projetos nos organismos de créditos. O potencial do município é grande, necessitando apenas de programas governamentais, onde se insere o município através da Secretaria de Agricultura que irá fomentar ordenadamente o programa de produção e industrialização.

 

Em quanto tempo, a partir do plantio, pode ser feita a primeira colheita?

Aparecido Donadoni - Estudos mostram que do terceiro ao quinto ano, quando as mudas são produzidas através de sementes, já pode iniciar a produção de frutos. Porém, para abreviar a produção, estamos tentando clonar plantas adultas, o que certamente iniciará a produção de frutas no segundo ano, além do que, ao serem clonadas, serão transferidas para as novas plantas toda a carga genética da planta mãe.

Qual a expectativa de mercado para a fruta?

Aparecido Donadoni - O mercado do bacupari é muito grande por se tratar de uma fruta que suporta grande período para ser consumida. Pode ainda ser armazenada em câmaras refrigeradas e, assim, alcançar todo o mercado nacional e, até mesmo, ser exportada para outros países.

 

O que é preciso para isso acontecer?

Aparecido Donadoni - Temos que produzir em grande escala e industrializar a produção através de agroindústrias. Produzir é fácil, porém a comercialização necessitará de programas governamentais para alcançarmos sucesso em grande escala. No momento que tivermos matéria prima em abundância a indústria virá para industrializar o produto, sendo que já existem interessados em industrializar e comercializar a futura produção.

 

Qual a média do custo de plantio e do lucro estimado por hectare, por exemplo?

Aparecido Donadoni - O custo de plantio dependerá do estado inicial da área onde será cultivado, podendo variar de R$ 10 mil a R$ 20 mil por hectare. Plantas já em produção produzem acima de 100 kg por árvore. Se plantarmos 500 plantas por hectare, num espaçamento de 5 X 4 metros, ou seja, 20 m² por planta, teremos 50.000 quilogramas por hectare (100 kg X 500 pés). O preço no varejo hoje varia de R$ 9,50 a R$ 19,50 o quilo. Considerando um preço conservador de R$ viabilizará a economia 10,00 o quilo. Assim, teremos uma receita de R$ 500.000 por hectare ((50.000 Kg X R$ 10,00 ), o que trará uma grande receita aos pequenos proprietários rurais do nosso município.

 

Como conseguir essa produtividade?

Aparecido Donadoni - Estamos planejando plantar 500 plantas por hectare em plantios homogêneos, porém iremos também fazer consórcios agroflorestais e consórcios com outras culturas que iremos incentivar no nosso município, tais como, café, cacau, mirtilo, cupuaçu e acerola. Em consórcio, estamos pensando entre 125 a 250 plantas por hectare. Estamos pensando em incentivar o plantio de várias espécies de frutas dado a sazonalidade de produção para que, no caso de instalação de uma agroindústria, esta não venha ficar ociosa no período de entressafra. Se o novo plantio for de plantas clonais, estas certamente serão de porte menor, podendo diminuir a produtividade por hectare. Mesmo que isto aconteça e venha produzir uma quinta parte do que as plantas estão produzindo hoje, assim mesmo a receita será altamente viável e atrativa para os pequenos e médios produtores rurais do município.

 

E quanto aos conhecimentos necessários para investir nesse plantio? A prefeitura dará algum apoio?

Aparecido Donadoni - O conhecimento será repassado por técnicos da Secretaria Municipal de Agricultura, através de técnicos formados em agronomia, engenharia florestal e técnicos agrícolas. O produtor precisará apenas se comprometer em cuidar do plantio fazendo os tratos silviculturais e manejo adequado que lhes serão repassados.

Resumindo: a prefeitura dará treinamento e assistência técnica e viabilizará programas de financiamento para plantio junto às instituições financeiras num segundo plano, ou seja, após a aprovação dos estudos técnicos e viabilidade econômica do empreendimento.

Existe a possibilidade de os produtores receberem as mudas gratuitamente?

Aparecido Donadoni - Isto ainda não foi definido, no entanto, nada impede que se trabalhe numa emenda parlamentar para isto, ou se planeje no próprio orçamento da prefeitura. Se os empreendedores financiarem o plantio, as mudas estarão dentro do orçamento.

 

O que motivou a prefeitura a incentivar essa cultura no município?

Aparecido Donadoni - Existindo hoje uma gestão comprometida com o nosso município, através do prefeito Flori e de mim mesmo, que sou engenheiro florestal e agrônomo, conhecedor do setor do agronegócio, nosso objetivo é criar oportunidades para que se aumente a renda e empregos no nosso município, sendo estes os principais motivadores para se incentivar o plantio do bacupari e de outras culturas viáveis no município.

 

Como estão os estudos nesse sentido?

Aparecido Donadoni - Os estudos ainda estão na fase embrionária, onde algumas plantas foram podadas e adubadas, aguardando a emissão de rebrotas que possam fornecer estacas no sentido de se viabilizar a clonagem. Sendo viabilizada a clonagem, iniciaremos a formação de jardim clonal e a produção de mudas em grande escala. Existindo uma nova gestão do executivo para quatro anos, espera-se que neste período se consolide o referido projeto.

 

Por que a escolha do bacupari para este projeto e o que, realmente, vai determinar o seu sucesso em solo vilhenense?

Aparecido Donadoni - Antes de responder a este questionamento, é importante informar que o bacupari é uma espécie nativa do Brasil, Peru e Bolívia. Segundo informações obtidas, ainda não foi domesticado o seu cultivo, podendo se tornar num grande negócio e trazer grandes lucros. Sua fruta pode ser consumida in natura, sendo rica em vitamina C, favorecendo o emagrecimento, evitando a anemia e mantendo a saúde do intestino. Ela ainda evita doenças cardiovasculares, previne o envelhecimento precoce e ajuda a evitar o câncer, entre outros benefícios. Seu consumo também pode ser feito por meio de sucos, saladas, geleias, farinhas e outras formas de preparo. Agora, o sucesso e a expansão do bacupari em nosso município vão passar pelo apoio governamental, já informado, que a prefeitura dará através de políticas públicas, oferecendo assistência técnica e procurando viabilizar créditos através das organizações financeiras. Vale ressaltar que se trata de um negócio de investimento, necessitando trazer retorno para que cada investidor venha amortizar e viabilizar seu negócio.

 

O bacupari, que também é conhecido como bacopari, bacuri-mirim, bacoparé, bacopari-miúdo, bacuri-miúdo e escropari, pode ser consumido in natura ou transformado em geleias, sucos, compotas, vitaminas, chá e óleo de uso medicinal, entre outros[/caption]

Fotos: Revista Século/Divulgação

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