A privatização da Sabesp, maior companhia de saneamento do país, foi concluída em 23 de julho de 2024, encerrando um processo iniciado em 2021. A operação foi marcada por disputas políticas, acusações de desmonte e críticas de representantes dos trabalhadores. Um ano depois, a empresa apresenta aumento de lucros, corte no número de funcionários e denúncias de aumento nas tarifas para consumidores da Grande São Paulo.
Segundo a Sabesp, já foram investidos R$ 10,6 bilhões desde a privatização. O plano da nova gestão é aplicar R$ 70 bilhões até 2029 para antecipar em quatro anos a universalização dos serviços de água e esgoto. A Equatorial Participações e Investimentos adquiriu 15% das ações e se tornou a investidora de referência, sem concorrência. Outras ações foram vendidas para pessoas físicas, jurídicas e funcionários.
O valor de R$ 14,7 bilhões pago por 32% das ações gerou críticas da oposição, já que cada papel foi vendido por R$ 67, mesmo com cotação de mercado na época em torno de R$ 87. Atualmente, os papéis estão sendo negociados a cerca de R$ 110.
Demissões e precarização
Desde a venda, mais de 2 mil funcionários foram desligados, segundo o sindicato Sintaema, sendo mil só no primeiro trimestre de 2025. A entidade aponta aumento de terceirizações, redução de equipes de manutenção e risco de queda na qualidade do serviço.
Casos de vazamento de esgoto em grandes proporções foram registrados na Represa do Guarapiranga e próximo à Rodovia Castelo Branco. Além disso, denúncias de cobranças abusivas surgiram meses após a privatização. Em alguns casos, contas passaram de R$ 70 para mais de R$ 500 mensais. A proposta de uma CPI na Câmara de São Paulo foi barrada, mas uma comissão semelhante foi aberta em Carapicuíba.
Nova política e metas
A Sabesp afirma que passa por transformação, com foco em eficiência, inovação e sustentabilidade. A companhia alega que parte das demissões ocorreu por adesão ao Plano de Demissão Voluntária e que novas tecnologias têm agilizado serviços, como a localização de vazamentos via satélite e o uso de inteligência artificial na fiscalização.
A estimativa é de que 40 mil empregos diretos e indiretos sejam gerados nos próximos dois anos. A agência reguladora estadual, Arsesp, é a nova responsável pela fiscalização dos serviços, que antes eram monitorados por órgãos ambientais. Um primeiro relatório sobre a concessão está previsto para o fim de 2025.
Aumento de lucros e distribuição de dividendos
A política de dividendos da Sabesp também mudou: até 2023, era de 25% do lucro líquido. Em 2026 e 2027, passará a 50%, podendo atingir 100% a partir de 2030. O lucro líquido e o fluxo de caixa da empresa aumentaram, com destaque para o crescimento no consumo, reajustes tarifários e novos contratos.
A receita também foi impulsionada por um aumento de 18% nas tarifas para clientes industriais. Para financiar a universalização dos serviços, a Sabesp tem buscado recursos no mercado, como a recente emissão de R$ 1 bilhão em debêntures.
Tarifa social
Nesta semana, o governo de São Paulo anunciou o início do programa Tarifa Social Paulista, com descontos de até 78% para famílias em situação de vulnerabilidade. O programa se aplica a moradores de municípios atendidos pela Sabesp e possui três categorias de desconto.
Fonte: Agência Brasil
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