Com 9% de toda a energia elétrica consumida no Brasil, a hidrelétrica Itaipu Binacional quer ir além da força das águas. A gigante, que há 40 anos opera em Foz do Iguaçu (PR), está investindo pesado em fontes limpas e diversificadas — como energia solar, hidrogênio verde e biogás — e pretende, no futuro, mais que dobrar sua capacidade de geração.
O plano mais próximo de sair do papel é o projeto-piloto de energia solar flutuante, com 1.500 placas fotovoltaicas instaladas diretamente no reservatório do Rio Paraná. A construção já está 60% concluída e deve ser entregue em setembro deste ano. Com um investimento de US$ 854,5 mil (cerca de R$ 4,7 milhões), a estrutura ocupará apenas 1 hectare, mas será capaz de gerar 1 megawatt-pico (MWp) — suficiente para abastecer cerca de 650 residências. Essa energia será usada internamente pela própria usina.
Mas a ambição é maior: estudos indicam que se 10% do reservatório for coberto com painéis solares, Itaipu poderá gerar até 14 mil MW adicionais, dobrando a atual potência da hidrelétrica. Para isso, será necessário avaliar os impactos ambientais e nas rotas de navegação e pesca da região.
Hidrogênio verde no radar
Outro foco promissor da Itaipu está no desenvolvimento do hidrogênio verde, considerado peça-chave para a transição energética mundial. A inovação acontece no Itaipu Parquetec, laboratório tecnológico da usina. Lá, pesquisadores trabalham na produção de hidrogênio limpo a partir da eletrólise da água — um processo alimentado pela energia da própria hidrelétrica.
A planta-piloto já é capaz de produzir 1 kg de hidrogênio por hora, o suficiente para fazer um carro rodar até 150 km. Durante a COP30, em novembro, Itaipu apresentará ao mundo um barco movido a hidrogênio, pensado para substituir embarcações a diesel em comunidades ribeirinhas, como as da região de Belém (PA).
Biogás que vira energia e combustível
A Itaipu também investe no biogás, aproveitando resíduos orgânicos e até dejetos de porcos. Um dos projetos, em Toledo (PR), transforma diariamente resíduos de 40 mil suínos em energia limpa, suficiente para abastecer 1.500 residências. Já na sede da hidrelétrica, restos de alimentos são transformados em biometano e até em um óleo sintético usado na produção de combustível sustentável para aviação (SAF) — outra inovação que será destaque na COP30.
Futuro binacional
Apesar dos avanços, como Itaipu é um empreendimento compartilhado entre Brasil e Paraguai, qualquer mudança de escopo, como a produção comercial de novas formas de energia, exige acordo entre os dois países.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, aposta em uma ampliação do tratado original, firmado há mais de 50 anos, para que a empresa se torne uma plataforma energética diversificada. “Queremos garantir energia limpa e manter o preço baixo, mas também estar à frente na transição energética”, afirmou.
De olho no futuro, Itaipu quer deixar de ser apenas uma hidrelétrica e se tornar uma gigante multienergética, com o potencial de abastecer o Brasil e o mundo com fontes sustentáveis, inovadoras e integradas.
Fonte: Agência Brasil
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