Novo ranking da Elsevier tem 22 pesquisadores da Embrapa

Novo ranking da Elsevier tem 22 pesquisadores da Embrapa

Número de pesquisadores é superior ao ranking de 2022, e  novos nomes aparecem na lista

Vinte e dois pesquisadores (22) de 15 unidades da Embrapa estão entre os mais citados do mundo, de acordo com estudo realizado pela Universidade de Stanford (Estados Unidos) e publicado no site da editora holandesa Elsevier, no mês passado. Em relação ao último ranking elaborado pelas instituições em 2022 com dados de 2021, houve acréscimo de um pesquisador (eram 21), além de novos nomes incorporados à lista (veja quadros ao longo da matéria). O estudo utiliza as citações da base de dados Scopus para avaliar o impacto dos pesquisadores ao longo de suas carreiras (de 1996 até o final de 2022) e durante todo o ano passado.

O banco de dados gerado pelo estudo traz informações padronizadas sobre citações – índice h (métrica amplamente utilizada em todo o mundo para quantificar a produtividade e o impacto de cientistas baseando-se nos seus artigos mais citados) e índice h ajustado de coautoria, citações de artigos em diferentes posições de autoria e um indicador composto. Os cientistas são classificados em 22 campos científicos e 174 subcampos. O estudo inclui cientistas que estão entre os 100 mil mais influentes, de acordo com um índice composto de citação.

Veja aqui a matéria sobre os resultados da pesquisa realizada em 2021 e publicada em 2022.

Os 11 mais citados na carreira e em 2022

 

Henriette Azeredo (Embrapa Instrumentação)

Atua em pesquisas focadas em filmes e revestimentos produzidos a partir de compostos renováveis e biodegradáveis (preferencialmente oriundos de coprodutos de alimentos, dentro do conceito de biorrefinaria). Esses materiais podem ter diferentes aplicações, mas a pesquisadora tem focado naquelas relacionadas ao aumento da estabilidade de alimentos, como por exemplo, embalagens ativas, filmes e revestimentos comestíveis. Ela tem trabalhado ainda com aplicações de celulose bacteriana em alimentos. Segundo a pesquisadora, fazer ciência no Brasil tem sido uma corrida de obstáculos. As dificuldades para obter recursos e a burocracia desviam tempo e foco dos objetivos principais para atender a demandas improdutivas.

Jayme Barbedo (Embrapa Agricultura Digital)

Dedica-se à aplicação de tecnologias de processamento de imagens e aprendizado de máquina (machine learning) no desenvolvimento de soluções para o setor agropecuário. Entre as linhas de pesquisa, destacam-se o reconhecimento automático de doenças em plantas usando imagens digitais, o desenvolvimento de um equipamento para identificar doenças em culturas agrícolas em estágio inicial a partir da leitura de sinais neurais e a detecção e contagem de bovinos em campo utilizando imagens capturadas por drones. “É uma satisfação grande ver o resultado do nosso trabalho ganhando projeção e influenciando outros pesquisadores ao redor do mundo”, comemora.


George Brown (Embrapa Florestas)

Trabalha com diversos aspectos da relação entre a fauna edáfica (especialmente as minhocas), e o solo. Além disso, estuda o efeito de contaminantes ambientais sobre estes animais, e atua também na identificação de espécies. Suas publicações sobre minhocas são bem conhecidas por aqueles que trabalham na área, em nível internacional. O pesquisador já publicou artigos na Science e na Scientific Reports (Nature), mostrando a importância das minhocas como bioindicadoras da qualidade ambiental e para a produtividade vegetal, devido aos efeitos benéficos das mesmas sobre as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Dario Grattapaglia (Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia)

Grattapaglia é responsável pelo sequenciamento do genoma do eucalipto, um dos resultados de grande impacto da sua produção científica à sociedade, além de outros trabalhos com reconhecimento nacional e internacional. Na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia desde 1994, ele atua nos campos da genética, genômica e melhoramento de plantas, com particular ênfase em espécies perenes florestais e frutíferas. Além disso, trabalha no desenvolvimento e aplicações de tecnologias genômicas na solução de problemas no melhoramento e conservação de recursos genéticos de plantas e animais.

Cristiane Farinas (Embrapa Instrumentação)

Trabalhando na Embrapa Instrumentação há 14 anos, a engenheira química estuda processos bioquímicos, com ênfase em bioprocessos, bioenergia, biorrefinarias, enzimas, nanocelulose e biofertilizantes. Recentemente, tem trabalhado em projetos com a equipe da Rede de Pesquisa em Nanotecnologia Aplicada ao Agronegócio (AgroNano). Farinas também faz parte do quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos (PPG-EQ/UFSCar) e do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da mesma universidade (PPG-Biotec/UFSCar), onde concluiu a graduação; seu mestrado e doutorado foram obtidos na Universidade Estadual de Campinas.Biotec/UFSCar) – universidade na qual ela fez a graduação; mestrado e doutorado foram realizados na Unicamp.

Mariangela Hungria (Embrapa Soja)

Sua trajetória é marcada por pesquisas sobre biodiversidade microbiana, microbiologia do solo e fixação biológica do nitrogênio (FBN). Vale ressaltar sua contribuição para os avanços da cultura da soja, em especial, pelo desenvolvimento de tecnologias relacionadas à FBN. Mariangela também coordenou pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro e pastagens.  “Compor a lista é certamente um grande esforço pessoal dos pesquisadores, considerando as dificuldades de financiamento para a pesquisa pública brasileira”, destaca.

Luiz Henrique Mattoso (Embrapa Instrumentação)

Pioneiro em nanotecnologia na Embrapa, Mattoso atua nas áreas de polímeros condutores, biopolímeros, bionanocompósitos, sensores, biomateriais, nanofibras, nanocelulose, borracha natural até o desenvolvimento de materiais poliméricos de fonte renovável. O legado de sua participação no Labex entre 2005 e 2007 se reflete nos resultados da Rede de Nanotecnologia, com mais de 150 pesquisadores de 53 instituições parceiras (públicas e privadas), e no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) – multiusuários – localizado em São Carlos. “É o trabalho em equipe que faz a diferença e pode gerar novos resultados e soluções tecnológicas de impacto. O compartilhamento do conhecimento científico é fundamental para formar novas gerações de profissionais dedicados à nanotecnologia e ao agronegócio”, comenta.

Antônio Panizzi (Embrapa Trigo)

Desenvolve pesquisas em bioecologia, danos em diversas culturas e Manejo Integrado de Pragas há 49 anos na Embrapa. Panizzi conta com 622 publicações, incluindo artigos, notas científicas, livros, capítulos de livros, artigos em anais de eventos e publicações técnicas. Em um trabalho pioneiro, estudou o desempenho dos percevejos na sequência de plantas hospedeiras cultivadas e não-cultivadas, antecipando a questão de biodiversidade e conservação ainda nos anos 80, o que lhe rendeu convite para o seleto grupo de autores do Annual Review of Entomology em 1997, periódico com o maior fator de impacto em Entomologia.

Caue Ribeiro (Embrapa Instrumentação)

O engenheiro de materiais e doutor em Química é coordenador da Rede de Nanotecnologia para o Agronegócio (Rede AgroNano), do Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA) e coordenador do Portfolio de Projetos em Nanotecnologia da Embrapa. Desde 2007 atua na Embrapa Instrumentação em pesquisas nas áreas de síntese de nanomateriais, estudos de crescimento de cristais em colóides de nanopartículas, atividade catalítica de nanopartículas e sistemas nanoestruturados de liberação lenta e controlada de insumos agrícolas. “Fiquei impressionado com a notícia. Me sinto muito agradecido à Embrapa por saber que esse reconhecimento não é meu, mas da instituição na qual fiz praticamente toda a minha carreira científica após o doutorado. Os desafios e oportunidades proporcionados pela Embrapa é que embasam esse reconhecimento”.

Marcos Dias (Embrapa Amapá)

Seu foco é em pesquisas voltadas à sanidade e parasitologia de peixes amazônicos, direcionados aos problemas sanitários na produção e tratamento de doenças. Também desenvolve estudos em ecologia de populações de peixes nativos de importância para a pesca e produção. Esses temas são amplos, mas o pesquisador tem focado os problemas sanitários no cultivo de peixes do estado do Amapá e tratamento antiparasitários químicos, principalmente contra monogeneas, um parasito que acomete peixes cultivados, bem como o uso de óleos essenciais e óleos fixos (fitoterápicos) amazônicos e cultivados no Brasil. Ele tem trabalhado ainda na descrição de novas espécies de parasitos em peixes amazônicos com estudantes de Mestrado e Doutorado.

Marcos Deon Vilela de Resende (Embrapa Café)

Graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) e Estatística pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), com mestrado em Genética e Melhoramento de Plantas pela USP/Esalq, doutorado em Genética pela UFPR e pós-doutorado em Matemática Biométrica pelo Rothamsted Research Institute, Londres. É pesquisador da Embrapa Café desde 2020 e professor nas Universidades Federal de Viçosa e Federal do Paraná. Tem experiência na área de Genética Quantitativa, com foco nos seguintes temas: modelos lineares mistos-BLUP, componentes de variância-REML, inferência Bayesiana, melhoramento de espécies perenes (florestais, fruteiras, forrageiras, palmeiras, cana-de-açúcar, café, animais), estatística, experimentação, seleção genômica ampla (Medalha de Honra ao Mérito em Inovação Agropecuária – 2012).

Os dez mais citados em 2022 (em complementação à lista anterior)

Robert Boddey (Embrapa Agrobiologia)

O inglês Robert Boddey está no Brasil desde o final da década de 1970, tendo vindo para a Embrapa a convite da pesquisadora Johanna Döbereiner. Graduado em Química Agrícola, com doutorado em Agricultura e larga experiência nas áreas de ciências do solo e microbiologia do solo, o pesquisador atua na área de ciclagem de nutrientes em agroecossistemas, na análise do impacto da agricultura e da pecuária na produção de gases de efeito estufa, no consórcio de pastagens com leguminosas para aumentar o sequestro de Carbono no solo e nos estudos para quantificação da Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) em gramíneas e leguminosas.

Rosires Deliza (Embrapa Agroindústria de Alimentos)

Trabalha na área de análise sensorial e estudos do consumidor, buscando contribuir para a melhoria da saúde da população. Nesse sentido, investiga duas estratégias: a reformulação de alimentos por meio da redução de sódio e açúcar e a rotulagem nutricional. “Fiquei muito feliz com a notícia. É sempre uma grande alegria ver nosso trabalho reconhecido pelos nossos pares. Minha contribuição para a ciência brasileira começou após meu retorno do doutorado, realizado na Inglaterra, onde investiguei tema bastante inovador: o efeito da expectativa na aceitação do consumidor e nas características sensoriais do produto, mais especificamente o papel da embalagem na percepção do produto. Já na Embrapa Agroindústria de Alimentos destaco a linha de pesquisa com foco na percepção do consumidor em relação às novas tecnologias, essencial para o seu sucesso da inovação tecnológica”, relata.

Renata Tonon (Embrapa Agroindústria de Alimentos)

Trabalha na área de processamento de alimentos, com foco em processos voltados à extração e microencapsulação de compostos bioativos, visando agregar valor a matérias-primas vegetais e a resíduos agroindustriais. A pesquisadora vem atuando nessa linha desde o doutorado, quando trabalhou na obtenção de uma polpa de açaí em pó rica em compostos antioxidantes. Em seguida, durante o pós-doutorado, atuou em projetos voltados para a microencapsulação de óleos vegetais como o de linhaça e de café torrado, visando protegê-los contra a oxidação. Desses trabalhos resultaram seus artigos com maior repercussão.

Morsyleide Rosa (Embrapa Agroindústria Tropical)

Atua no desenvolvimento de produtos e processos focados no uso sustentável e integral da biomassa brasileira, com ênfase em bionanocompósitos. Em relação ao destaque recebido, Morsyleide acredita que reflete o nível de interesse pelo trabalho conduzido pela Embrapa. “Afinal, o número de citações é um dos indicadores da relevância de um trabalho científico. Para esse alcance, é fundamental construir parcerias, de forma a manter colaboração científica e tecnológica, tanto com a Academia quanto com o setor produtivo.” Ainda pondera que esse resultado reflete um novo mosaico de investimentos no país, onde o Nordeste, cada vez mais, passa a compor a cartografia científica nacional.

Nand Kumar Fageria (Embrapa Arroz e Feijão in memoriam)

Graduado em Agronomia pela Universidade de Udaipur (1965), mestrado em Agronomia – Agriculture University of Udaipur, Rajasthan (1967), doutorado em Agronomia – Universite Catholique de Louvain (1973) e pós-doutorado USDA-ARS, Beckley/Beltsville. Atuou como pesquisador da Embrapa na área de Agronomia, com ênfase em Fertilidade do Solo e Adubação. Suas principais linhas de pesquisa foram: arroz de terras altas, solos do Cerrado, acidez do solo, arroz irrigado e feijão. Foi autor de mais de 320 publicações, incluindo 14 livros. Proferiu palestras nos Estados Unidos, Canadá, Japão, China, Índia, Portugal, Austrália, Sri Lanka e Bélgica.

Rodrigo Mendes (Embrapa Meio Ambiente)

Desde a iniciação científica, Rodrigo se propôs a entender a interação entre comunidades microbianas do solo e as plantas. Para ele, o desenvolvimento de técnicas de sequenciamento genômico em massa nos anos 2000 foi como uma reinvenção do microscópio, possibilitando a compreensão da interação entre plantas e microrganismos, de forma a abrir caminhos para formas mais sustentáveis de produção de alimentos. “Isso possibilitou descrever mecanismos que mostram como microrganismos que compõem o sistema de atuam na defesa da planta contra infecções de patógenos. Investigamos também como a domesticação das plantas pode impactar as interações com microrganismos, abrindo caminho para uma forma mais sustentável de produzir alimentos”, explica.

Daniel Corrêa (Embrapa Instrumentação)

O engenheiro de materiais de formação e pós-doutor atua na área de Ciência e Engenharia de Materiais e Nanotecnologia afirma que foi uma surpresa e uma felicidade ter o nome incluído nesta prestigiosa lista publicada pela Elsevier. O ranking evidencia que os resultados obtidos pelos cientistas da Embrapa Instrumentação e seus parceiros estão sendo utilizados e citados por pesquisadores de outras instituições de PD&I do Brasil e do mundo. “A Embrapa possibilita um ambiente muito favorável ao trabalho em equipe e em áreas de atuação interdisciplinares, que favorecem entregas de resultados de impacto para o agronegócio com sustentabilidade, beneficiando toda a sociedade”, diz.

Daniel Ricardo Sosa Gomez (Embrapa Soja)

Possui graduação em Zooloogia Agrícola pela Universidade Nacional de Tucuman, mestrado em Ciências Biológicas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e doutorado pela mesma universidade em Ciências Biológicas. É pesquisador da Embrapa  e professor da Universidade Estadual de Ponta Grossa, além de pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e professor participante da Universidade Federal do Paraná. Tem experiência na área de Agronomia, com ênfase em Entomologia Agrícola, atuando principalmente nos seguintes temas: controle microbiano, controle biológico, fungos entomopatogênicos, vírus entomopatogênicos e pragas da soja.

Sérgio Tonetto de Freitas (Embrapa Semiárido)

Graduado e mestre em Agronomia pela Universidade Federal de Santa Maria, com doutorado em Biologia de Plantas e pós-doutorado em Ciência de Plantas pela Universidade da Califórnia, EUA, tem especialização em Fisiologia Vegetal, Nutrição de Plantas, Biologia Molecular e Fisiologia e Tecnologia Pós-colheita. É pesquisador da Embrapa Semiárido e atua como professor no Programa de Pós-Graduação em Agronomia nas Universidades Federal do Vale do São Francisco e do Estado da Bahia, além do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Sergipe, e do Programa de Pós-graduação Lato Sensu em Pós-colheita de Produtos Hortifrutícolas do Instituto Federal – Sertão Pernambucano.

Zilca Maria da Silva Campos (Embrapa Pantanal)

Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Mato Grosso, com mestrado em Biologia (Ecologia) pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e doutorado em Ecologia (Conservação e Manejo da Vida Silvestre) pela Universidade Federal de Minas Gerais. É pesquisadora da Embrapa Pantanal desde 1989, onde atua na área de Ecologia, com ênfase em  manejo de vida silvestre, com foco nos seguintes temas: jacaré-do-pantanal, jacarés brasileiros, conservação e manejo, pantanal, reprodução e movimento.

Mais citada na carreira

Johanna Döbereiner (Embrapa Agrobiologia in memoriam)

Foi pioneira no desenvolvimento da fixação biológica do nitrogênio (FBN) a partir de bactérias capazes de realizar esse processo. Seus estudos avançaram a tal modo que contribuíram definitivamente para possibilitar o avanço do programa Pró-Álcool e também para colocar o Brasil como segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas dos Estados Unidos. A FBN possibilita a substituição de adubos químicos nitrogenados, oferecendo, assim, vantagens econômicas, sociais e ambientais. Estima-se que a FBN tenha uma contribuição global para os diferentes ecossistemas da ordem de 258 milhões de toneladas de nitrogênio (N) por ano, sendo que a contribuição na agricultura é estimada em 60 milhões de toneladas.

Fonte: Embrapa Foto principal: Divulgação